Um dos principais desafios à
competitividade do polo industrial de Manaus (PIM) é a logística, consequência
do posicionalmente geográfico desfavorável da região e da infraestrutura
precária do seu entorno. Para reduzir os custos logísticos dos produtos fabricados
pelas empresas da região, uma solução vem sendo desenvolvida há 4 anos pela
empresa IV PartnerShip. Trata-se do Atlas HVS, o primeiro navio-porto do mundo,
projetado para ser um hub de carga em alto-mar.
A
empresa mantém oito projetos como esse no mundo: três previstos para o Brasil e
outros cinco sendo desenhados para Angola, Açores, Mediterrâneo, Bacia do Plata
e Estados Unidos (Figura 1). O mais adiantado, entretanto, é o navio-porto
projetado para atender a região Norte do Brasil.
Figura 1 – Projetos de navio-porto da IV PartnerShip
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=8D0qc0540Es
Ao
todo são cerca de 40 empresas especializadas em navegação, entre nacionais e
estrangeiras, organizadas no consórcio para viabilizar a operação, com investimento
estimado em 400 milhões de dólares. A estrutura flutuante ficaria localizada a
24 milhas da costa (cerca de 40 km), entre os Estados do Amapá e Pará. A esta
distância, a plataforma ficaria na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e fora da
legislação brasileira, o que dispensaria mais de 15 documentos para a chegada
da carga e garantiria isenções fiscais e tributárias.
O
navio foi projetado com uma dimensão de 511 metros por 297 metros. Deste total,
uma área de 40 mil metros será destinada a instalação de escritórios, clínicas
ou demais negócios. A estrutura conterá ainda quatro berços de atracação, dois
externos e dois internos, com capacidade de receber navios de grande porte, com
dimensões de até 400 metros de comprimento.
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Figura 2 – Projeto de porto-navio
Fonte: IV PartnerShip
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A
IV Partnership atuará como administradora privada desta espécie de condomínio
em que operadores portuários, agentes, donos de cargas e armadores vão instalar
seu guindaste e operar sobre o casco. O modelo de negócios prevê o arrendamento
de slots com capacidade de um contêiner de 20 pés (um TEU) por um período de 5
a 10 anos, de um total de 70 mil TEUs a 85 mil TEUs.
O
objetivo do projeto é que os grandes navios descarreguem contêineres no Atlas
HVS e sejam substituídos por barcaças e feeders para entregar os insumos vindos
da Europa, Estados Unidos e Ásia. Esta operação evitaria problemas com
burocracia e manobras nos portos brasileiros, além de proteger o bioma costeiro
e diminuir os riscos de contaminação com água de lastro.
Além
disso, a ideia é permitir às empresas avançar seus estoques e reduzir a
necessidade de capital imobilizado. Ao invés de manter grandes estoques em
países como Brasil, Argentina e Uruguai, por exemplo, a empresa poderia
armazenar uma maior quantidade de produtos no porto-navio e enviá-los para cada
país conforme o movimento da demanda.
A
meta da IV PartnerShip é concluir todas as análises de performance local até o
primeiro semestre deste ano para conseguir contratar os estaleiros ainda em
2017 e prepará-los para operação em até três anos. Fica a dúvida, no entanto,
se as vantagens esperadas com este projeto serão suficientes para pagar o alto
investimento necessário e tornar o navio-porto de fato rentável. Além disso, é
de se esperar uma resistência das empresas gestoras dos terminais portuários da
região Norte quanto ao projeto, temerosas com a possibilidade de perda de
receita.
Será
que o projeto irá mesmo a frente? É aguardar, para ver!
Referências
Revista
Portos e Navios, Ano 58, n. 667, ago. 2016
Por: Fernanda Monteiro
Fonte: ILOS
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